Vontade de força a transbordar em minha existência
Em voga desprezar, odiar em meu tribunal
Raiva me entrego a propagar, é minha incumbência
Vivo em prol do meu vazio até o final
É minha missão plantar veneno pra colher o caos
Sufrágio em erosão, liberdade a custo de tudo mais
Eu: soldado e zangão, meu favo: meu pensar
Meu mel: a convicção, dividir, conquistar
Por pertencimento, por um desejo tão nato de não me sentir só
Raiva e tormento passo a cultivar em nome de algo maior
Ou mostro o silêncio na esperança de encontrar paz, ou brado uma guerra por mais
Palavras ao vento adornam um epitáfio de lamento, rezo pra não ser o meu
Obras de uma turba em frenesi
Sombras de um castelo que se nega a ruir
Ira concentrada a ebulir
Trovas violentas ecoam
Ouço em devoção todo aquele que à minha fé satisfaz
Endosso a omissão quando o ímpio ao meu lado se traz
Sem chance e sem perdão o alvo destroçar
Uma voz pede em vão pra sua dor cessar
Amarras criadas por vozes ocultas na minha sombra que me segue pra onde eu for
Salvaguardadas num grupelho de repulsa e ódio a se expor
Mas haverá volta quando menos esperar
Aflorará traição, ciclo sem remição
Como fugir desta sina que virá?
Unidade falsa a implodir
Larvas que consomem os frágeis corpos de si
Armas pela supremacia
Sondam solos em que apenas cinzas vão restar
Olá! Me chamo desprezo, irmão da solidão
Revelo o caminho de volta à sua prisão
Benção e maldição no peso que está a carregar
Errando por se colocar no lugar do outro
Árvores fracas de raízes em seu solo a rasar
Onde o vento e o tempo as varrerão
Marés passadas: as memórias voltam a me assombrar
Em frente sigo olhando pra trás
Um mundo inteiro em minhas mãos, vão fulgor
Algo passageiro, em corrosão, sem valor
Laços tão vitais, a única luz a se buscar
Como tão banais e fracos foram se tornar?
Aparentar mais que ser, ser mais um pária a invejar
Navegar em meio a tempestades em busca de ilusão
Caos veio a florescer, confusão em minha mente: onde encontrar meu ser?
Entre o vício e o saber jazerão laços pelo caminho
Laços podem morrer em nome dos zeros e uns que estão a me mover
Antes de perceber, o mundo em minhas mãos, mas sozinho
Culpar a voz a me guiar na escuridão, não assumir a parte que me torna réu
Ordem atroz, carma a cobrar o seu cumprir, como voltar no tempo e me redimir?
Será que ainda há tempo de recobrar laços que usei como escadas pra um fim?
Instintivamente, modos que me trazem ruína torno a repetir
Nem busca por redenção pode frear a minha natureza
Ambição e avareza me fazem usar o próximo ao meu bel prazer
Lavo minh'alma e a espalho na imundície uma milésima vez
Com paz e calma, construo uma trilha de mentiras com pura altivez
Adeus! Fui seu último laço que escolheu negar
Negar diferenças, solidão buscar
Câncer da própria existência, com ódio em vazão
Até uma próxima vez, caso encontrar redenção
Vários fantasmas me assombrando quando vou me deitar
Ecos dos tempos de compreensão
Ilhas-miasmas: nossos lares até o mundo acordar
Sempre abundando de intenções más
Zelar por faces que eu nunca vi, mas me acolhem aqui
Esse lugar onde só vão me ouvir se abraçar o uníssono
Reis sem face se põem a me guiar
O desprezo e apatia fazem eu me curvar
Usar o próximo ao meu bel prazer até o seu perecer
Mesmo que o fardo chegue a me esmagar, vale o preço de me cegar
Entre o fardo e a promessa de mais
Afeição à feição oculta, deixo tudo pra trás
Deserto de solidão que faz eu me esvaziar
Encher-me da tentação de ressentir, odiar
Respirar a cada dia mais se torna castigo
Isentar eu mesmo da culpa eu já não consigo
Verdades tão falsas que me ponho a acreditar
Aceitam-me como sou enquanto me entregar
Dói estar no mar sem nem ter direção
Onde buscar um sinal pra me encontrar?
Parto-me em dois pra curar a solidão
Onde achar um farol pra me iluminar?
Nada pode me moldar, o que sou e o que fui só a mim pertence
Tantos cegos a vagar, estendem a mão pra afundar o tolo que não vence
Ouço daqui pra frente só minha voz
Foda-se toda essa porra, caralho!
Lados que concordam só em um foder o outro
Um bando de pau no cu, que se afoguem na fossa que cavaram
Tanta regra para vomitar, só pose de foda num bando de Zé buceta
Um estado de guerra a escalar, mas com um a menos, que eu desisto dessa porra
Ave, perversão! Salve egoísmo, salve ambição!
Ninguém em meu cair me deu a mão
Tardou pro perdão, cada um por si, que se foda a união
Essa porra é uma zona, caralho!
Two death metal legends unite for a once-in-a-lifetime LP; rife with classic appeal and flavor, it's a manifesto that works in any era. Bandcamp New & Notable Jul 11, 2017